Saneamentos selvagens, uma praga de Abril...
Saneamentos selvagens... uma praga...
Um dos aspectos mais controversos no dealbar do processo democrático pós-Abril foi a questão dos saneamentos. Por dá-cá-aquela-palha alguns, com audácia e oportunismo, conseguiam por na rua qualquer pessoa vertical e idónea. Bastava não vergar ao poder instalado e manter-se firme e hirta sem prestar servil vassalagem aos novos "donos-disto-tudo"...
O caso mais gritante foi o ocorrido no Diário de Notícias. Luís de Barros e José Saramago lideravam. A linha editorial era contestada por metade da redacção. Foi entregue um abaixo-assinado a pedir uma viragem nesse status quo deficitário em termos de pluralismo e liberdade de expressão. Foram todos saneados sem apelo nem agravo.
Eu e outras pessoas, abismadas com tão prepotente e insólita atitude, andamos a colher abaixo-assinados na Av da Liberdade e na Av Fontes Pereira de Melo (sobretudo) procurando evitar, e se possivel, reverter, esta situação aviltante.
Nada se conseguiu. Era irreversível e nada se pode fazer. Era o gonçalvismo puro e duro no seu apogeu. Mais tarde, Saramago veio argumentar que era apenas sub-director; contudo, sabe-se que o director (Luís de Barros) estava num período de férias...
Nos quartéis ouviam-se palavras de ordem (proferidas por SUV´s e afins...) como "reaccionários fora dos quartéis"!
O desemprego começava a alastrar. O mercado de trabalho era disputado a ferro e fogo. Nalgumas empresas, alguns empregados (da linha totalitária) queriam correr com os patrões para surgirem como "novos patrões" e faziam tudo para criar instabilidade e arruaça. Alguns, afectos à entidade patronal, tiveram de ir armados para protegerem a empresa, durante a noite. Foi um curto período, mas a violência imperou e houve falências provocadas por esta instabilidade tantas vezes"monitorizada" por cúpulas partidárias ocultas...
Tempos difíceis a que se juntou a crise adveniente do afluxo macisso de "retornados" das ex-colónias que passaram as passas do algarve para sobreviver... Era um "salve-se quem puder".
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