Engº Jorge Jardim o nosso OO7...

  • JORGE JARDIM O "NOSSO" "agente secreto"...
    Nascido em 13-11-1919. Jorge Pereira Jardim, foi , em Moçambique, um homem de confiança de Salazar, tendo desempenhado tarefas tão diversificadas que se pode considerar um globetrotter multifunções. Espécie de embaixador itinerante, espião, homem de negócios __ligado a Champalimaud, através da empresa Lusalite__teve o raro condão de influenciar e concatenar ligações a vários níveis. Diz-se até que já tinha apalavrado um plano para uma independência para Moçambique, envolvendo Julius Nierere, da Tanzânia, Keneth Kaunda da Zâmbia, colhendo o beneplácito do presidente Banda, do Malawi, onde conseguiu passaporte diplomático, pois foi ali nomeado vice-cônsul. Teria como desiderato último criar as raízes de um "novo Brasil" com vários partidos e respeitando o património de negros e brancos. O próprio Ian Smith, da Rodésia, não se oporia__até veria com bons olhos__ essa evolução positiva pondo fim a uma guerra sangrenta e sem fim à vista. Soube-se, já depois do 25 de Abril, que foi Marcelo Caetano a inviabilizar esse projecto, pressionado pelos ultras do regime de então.
    Esteve em Goa para libertar prisioneiros conseguindo resultados muito positivos.
    Na Beira, tinha uma rádio e um jornal sob o seu controlo __ Emissora do Aeroclube da Beira e Notícias da Beira__ onde a sua inspiração era notória, e contrastando com os órgãos sob a supervisão do então bispo da Beira D. Sebastião Soares Resende, que controlava a Rádio Pax e o diário de Moçambique. Visões distintas, mas nem sempre antagónicas, de uma mesma realidade.
    Dizia-se que possuía fortes ligações aos GE e GEP, pois residia , quando na cidade, nas proximidades.
    Viria a falecer de forma muito estranha em 1982 em Libreville. Financiado de forma muito generosa por Salazar conseguiu alguns objectivos conhecidos (e quiçá outros, também relevantes, mas sem nunca terem surgido à luz do dia), sendo de uma actividade permanente e de uma dinâmica diplomática assaz eficiente.
    Se o plano por si concebido fosse levado à prática , talvez nunca houvesse necessidade de um 25 de Abril com os improvisos e as sequelas gravíssimas para todos os intervenientes. Angola seria o segundo "Brasil" e tudo se resolveria com mais tranquilidade sem precipitações e dramas sanguinários que feriram também os próprios movimentos de libertação.
    Todavia, os ultras do regime foram incapazes de ver mais longe e Marcelo Caetano__ que até tinha uma visão progressita e evolucionista quando foi convidado para o governo por Salazar, ficou refém dessas forças retrógradas e imobilistas, elas sim, as grandes responsáveis pelas tragédias que se viriam a constatar. Não admitir, por uma questão de irredutibilidade mórbida, o fim das colónias e a génese de novos países forjados com ponderação e sageza, ao longo de um certo lapso de tempo (dez, quinze ou vinte anos), foi o maior erro do antigo regime.
    O engenheiro Jorge Jardim era um visionário e podia ter conseguido evitar as tragédias que acabaram por se consumar devido aos apetites vorazes das superpotências, sempre ávidas de guerras e de saque de recursos naturais, indiferentes aos massacres causados. Fins justificam meios. Basta atentar nas suas trágicas perfomances ao longo da História...
     
     
    Na foto vê-se o engenheiro Jardim com a Miss Moçambique 1972 Iris Maria
     
     
     



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