A SÍNDROME DO CRISTÃO-NOVO...

A "síndrome" do "cristão-novo"...
 
 
Ao longo da nossa história fomos confrontados com situações geradas pelo "status quo" envolvente. Dizendo de outro modo: quando há uma mudança brusca de "status quo" aparecem sempre alguns, de passada rápida e pé ligeiro, a colocarem-se à frente, para aproveitarem a "corrente", estando sempre a favor da nova "situação" em todas as circunstâncias, olvidando comportamentos anteriores, de sinal contrário.
O termo "cristão-novo" aplica-se comummente a estas criaturas videirinhas que embarcam com facilidade no novo "modus vivendi" e lançam às malvas tudo o que concerne ao "status quo ante"
Feito este introito__ para enquadrar a personagem__ vou relatar um episódio que entronca de forma magistral nesta bizarra situação. Ele era major e ocupava um cargo de relevo na BA7. Enfim, quando havia reuniões antes do 25 de Abril atacava ferozmente os milicianos acusando-os de linguagem "subversiva", de serem o tal "inimigo interno" que era preciso combater também. Chegou ao extremo de chamar a PIDE para levar um turista francês que entrou inadvertidamente na Base, vindo pelo litoral- Norte e não se apercebendo, por falta de sinalização, de que se tratava de uma base aérea. Era um simples turista que estava acampado na Orbitur, mesmo nas proximidades da base. Ainda o tentei demover mas não consegui.
Um belo dia, estava eu de oficial de dia, chamou-me ao seu gabinete e disse-me: «Há um soldado que está preso (por ser desertor) mas tinha liberdades especiais, contudo, por se ter recusado a ir trabalhar para as oficinas, fica proibido de ir ao bar e continuará na prisão até novas ordens. Ponha isso no livro , até que se mentalize que para ter liberdades deve trabalhar.»
De acordo com a ordem dada, lá escrevi o texto solicitado. Passado um mês surgiu o 25 de Abril. Ele (já com as vestes de "cristão-novo") começou a atacar o comandante e a demarcar-se de situações antigas em que se manifestara um ultra-fiel ao antigo regime. O referido prisioneiro, aproveitando a maré, dirigiu-se ao Capelão - por intermédio de um soldado amigo- a pedir ajuda. Este interrogou-me, eu fiquei surpreendido por ainda estar nessa situação e admiti um esquecimento da tal "criatura" recém-entrada no comboio chamado Situação.. Confrontado com a punição aplicada, em vez de admitir um natural esquecimento em rever o castigo, não admitiu sequer ter dado aquela ordem! Eu, que não conhecia o preso de lado nenhum, que nada tinha a ver com o tal "castigo" fui o bode expiatório!!! Enfim, toda a gente compreendeu de que lado estava a verdade mas o tal sujeito "cristão-novo" viria a fazer umas tantas logo a seguir que deixaram um rasto de falta de carácter chocante.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Engº Jorge Jardim o nosso OO7...

ORIANA FALLACI A FAMOSA JORNALISTA ITALIANA..