Gratidão, palavra em desuso... mas existe!

GRATIDÃO é uma palavra cada vez mais em desuso. Mas há quem, por educação, civismo, carácter, ainda continue a mostrar essa "antiguidade". Eis o caso de um antigo combatente (então capitão dos comandos, agora coronel) que, me deixou emocionado ao recordar um episódio ocorrido no longínquo ano de 1971. Era eu piloto de helicópteros e estava em Zala, no norte de Angola. Fiz uma evacuação após uma mina antipessoal ter decepado o pé ao então jovem capitão António Delfim Simões Oliveira Marques. Tinha chovido e umas folhas traiçoeiras ocultavam uma mina. Ele, apesar de ir em terceiro lugar na coluna, pisou-a e aconteceu o pior. Quando o vi, já depois de aterrar na pista, onde o aguardava o DO para o transportar ao Hospital, em Luanda, sorria descontraído e exclamou: «Azar?! Não, alferes, ainda tive sorte! Ficaram-me os tomates!» Retive na memória este desabafo de um Herói na plena acepção do termo. A anestesia ainda estava a fazer efeito, é óbvio, mas aquela tirada marcou-me para sempre. Deu-me o livro SIROCO, editado pela Associação de Comandos tendo sido ele a coordenar aquele magnífico e gigantesco trabalho literário. Diz : «Ao Sr Alferes José Manuel Leitão de Sá que me tirou da mata para Zala quando pisei uma mina A/P após me ser amputado um pé a 23-ABR-71» Enfim, o meu obrigado a este Amigo para quem a palavra Gratidão ainda não é obsoleta. A foto abaixo mostra o então capitão a ser levado em maca, sorrindo à vida. Esta foto foi-me gentilmente enviada por ele próprio.



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